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terça-feira, 16 de novembro de 2010

20 de Novembro- dia da Consciência Negra, graças ao poeta rosariense OLIVEIRA SILVEIRA


OLIVEIRA SILVEIRA (Oliveira Ferreira da Silveira) – Poeta negro brasileiro, nascido em 1941 na área rural de Rosário do Sul, Estado do Rio Grande do Sul. Filho de Felisberto Martins Silveira, branco brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira, negra brasileira de cor preta, de pai e mãe negros gaúchos.Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. Docente de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas. Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro, lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares a contar de 1971, tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, MNUCDR.Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.Oliveira Silveira faleceu em 1º de janeiro de 2009 em Porto Alegre.

Alguns poemas:

MÃO-DE-PILÃO

Água no oco,
palha, grão.
Soca, soca,
Mão-de-pilão.

Longe que é, longe que fica
e a mão-de-pilão esmurrando a cangica.
Longe que é, longe que fica
e a mão-de-pilão tocando cuíca.

Água no oco,
palha, grão.
Soca, soca,
mão-de-pilão.

Socando, socando aos sol da manhã,
o eco na serra parece tantã.
Bate, bate... pra quê bate tanto?
Longe tão longe que não adianta.

Água no oco,
palha, grão.
Soca, soca,
mão-de-pilão.

O MURO

eu bato contra o muro
duro
esfolo minhas mãos no muro
tento longe o salto e pulo
dou nas paredes do muro
duro
não desisto de forçá-lo
hei de encontrar um furo
por onde ultrapassá-lo

TRANSMISSÃO

Querem que a gente saiba
que eles foram senhores
e nós fomos escravos.
Por isso te repito:
eles foram senhores
e nós fomos escravos.
Eu disse fomos.

NEGRINHO

Um naco de fumo escuro
negrinho
da tua cor, no monturo.

Um toco de pito aceso
negrinho
cor de teu sangue indefeso.

Muito estancieiro safado
negrinho
formigueiro à beira-estrada.

Contra as manhas dessa malta
negrinho
se vai de cabeça alta.

E peço: clareia o rumo
negrinho
de teus irmãos cor de fumo."



Obrigado, minha terra


Obrigado rios de São Pedro


pelo peso da água em meu remo.


Feitorias do linho-cânhamo


obrigado pelos lanhos.


obrigado loiro trigo


pelo contraste comigo.


Obrigado lavoura


pelas vergas no meu couro.


Obrigado charqueada


por minhas feridas salgadas.


Te agradeço Rio Grande



ENCONTREI MINHAS ORIGENS

Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
....... livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
...... cantos
em furiosos tambores
....... ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei


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