Ensinar
os alunos a estudar para que se saiam bem em toda a Educação Básica, no Ensino
Superior e por toda a vida é, sem dúvida, uma das grandes responsabilidades da
escola. Poucas atividades atendem tão bem a essa demanda como a pesquisa - que
tem como procedimentos básicos ler para estudar e ler para escrever. Realizada
com acompanhamento e numa escala progressiva de dificuldade, ela desenvolve as
habilidades de localizar, selecionar e usar informações, essenciais para
aprender com independência. "A criança transforma conhecimentos já
disponíveis na sociedade em algo novo para ela", explica Pedro Demo, docente da Universidade de Brasília (UnB). Ninguém
chega à escola sabendo pesquisar e também não aprende a fazer isso num passe de
mágica assim que é alfabetizado - apesar de muitos professores simplesmente
passarem a tarefa sem antes ensinar a realizá-la. Essa é uma competência que se
desenvolve com a prática e com direcionamento. "A investigação na escola
está intimamente ligada à orientação. Se até mesmo um doutorando tem um
orientador, por que as crianças da Educação Básica dariam conta do trabalho
sozinhas?", questiona Bernadete Campello, da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e autora de obras sobre o assunto. Antes de convidar a meninada a
explorar livros na biblioteca, a ler artigos na Internet, a entrevistar um
especialista ou a analisar vídeos e fotos, é preciso determinar os objetivos de
aprendizagem com relação aos procedimentos de pesquisa e aos conteúdos
abordados. Na hora de iniciar o trabalho, todos têm de estar cientes de seus
propósitos: encontrar respostas para um problema. Aqui vale um destaque: buscar
uma informação específica e que é facilmente encontrável - como a data ou os
protagonistas de um fato histórico - não é investigar. "A pesquisa
envolve, sim, a habilidade de localizar informações, mas não só isso. A chave,
principalmente para os mais experientes, está na interpretação delas e na
apresentação de um ponto de vista próprio para uma audiência interessada, como
os colegas da sala e da escola ou a comunidade", ressalta Demo. A atividade
só será produtiva também se a sala estiver completamente envolvida pelo tema.
"Na vida real, só procuramos respostas para aquilo que nos aflige ou que
gera grande curiosidade. O mesmo ocorre na escola: é necessário querer conhecer
mais sobre o assunto para se envolver", ressalta Bernadete. Para que os
alunos deem conta desse desafio, cabe a você apresentar fontes confiáveis e
ensiná-los a tomar notas, a fazer resumos, a entrevistar pessoas e a construir
sentidos para os textos. Além disso, é essencial mostrar modelos e formas de
preparar um produto final em que as descobertas sejam apresentadas. Ao passar
por diversas experiências nesse percurso, as crianças adquirem segurança para
empregar os conhecimentos em outras situações de coletas de dados, de análise e
de estudo (é o caso de provas, preparações para debates ou apresentações, por
exemplo). Assim, tornam-se mais autônomas. Conheça em detalhes as cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar:
fazer uma boa pergunta, indicar fontes seguras, ensinar a interpretar, orientar
a produção escrita e finalizar os trabalhos, socializando as aprendizagens. Em
cada uma delas, há recomendações específicas para três etapas de ensino - da
Educação Infantil ao 2º ano, do 3º ao 5º e do 6º ao 9º -, além de exemplos.
Os erros mais comuns:
- Pedir que os alunos procurem tudo sobre um
assunto. A turma não aprende com essa atividade e se confunde sem um objetivo
claro.
- Trabalhar com pesquisa o tempo todo. É preciso usar a estratégia com critério e mesclá-la a outras, como a boa e velha aula expositiva.
- Passar para o bibliotecário a orientação da pesquisa. Ele pode ajudar na seleção do material, mas o papel de ensinar a buscar dados e interpretá-los é do professor.